domingo, 31 de maio de 2015

Sustentabilidade: Desafios de Convivência entre Humanos e Natureza. João Crispim Victorio / CEBI-RJ Sub-regional Campo Grande

Sustentabilidade: Desafios de Convivência entre Humanos e Natureza[1].

João Crispim Victorio[i] / CEBI-RJ Sub-regional Campo Grande

Podemos definir a Bíblia como sendo a Palavra de Deus dirigida à humanidade, mas não apenas como mandamentos ou meio de santificação. Pois, por meio de suas páginas, tanto nos livros do Antigo, quanto nos do Novo Testamento, podemos ter o imenso prazer de conhecer ensinamentos sobre preservação ambiental. Ou seja, a Bíblia pode nos ensinar tudo o que precisamos saber para ter e manter uma vida saudável no planeta. Nesse sentido, sustentabilidade[2] tem seu significado ligado à “espiritualidade” e, por esse motivo, a questão ambiental deve estar no cerne da vida humana.
O aparecimento do ser humano na Terra pode ser dado pela teoria criacionista, Deus criador do universo, conforme narram os livros bíblicos e pela teoria da evolução, defendida pela ciência, o homem como resultado de um lento processo de mudanças. Tomamos por base aqui a teoria criacionista com sua fantástica história que revela Deus, em sua ação criadora, como o agricultor, o jardineiro que cria e cuida do seu jardim e que, logo depois, cria o homem e a mulher, os cria da própria terra, sinalizando que são uma coisa só. Estão unidos para que a vida seja um processo de sustentabilidade.
Deus nos criou a sua imagem e semelhança e deu a nós autoridade para cuidar da sua criação. Com isso, mostrou a necessidade de preservar o meio ambiente e toda espécie de vida. Deus quer que sejamos sustentáveis em nossas ações, para tanto, devemos adquirir hábitos ecologicamente corretos. Esse é o grande desafio a ser enfrentado por cada pessoa na construção de uma sociedade justa e fraterna. Mas, Infelizmente, estamos longe de cumprir com nosso compromisso, pois, nossa prática cotidiana caminha em direção contrária, conforme denuncia nossa própria história.
Apesar de possuirmos uma relação muito íntima com a terra, já que é por meio dela que adquirimos nosso sustento, vemos na história cicatrizes profundas deixadas pelas lutas por terra. Lutas, essas, que estão presentes desde os primórdios, conforme podemos conferir no relato de (Gn 4, 1-16), onde Caim mata seu irmão Abel. Este fato nos mostra, de maneira figurada, o rompimento entre o campo e a cidade[3]. Abel era um pastor de ovelhas que Deus se agradou da oferta e Caim era um lavrador do qual Deus não se agradou da oferta. Caim, por seu ato, recebe o castigo. Sai e vai habitar a terra de Node e lá conhece sua mulher que da à luz a Enoque. Nesse clima surge a primeira cidade bíblica.
Ao longo da história da humanidade a relação do homem com a terra foi de lutas e de conquistas que causaram marcas profundas, sofrimentos, angústias e problemas ambientais graves. No Brasil, por exemplo, a luta pela terra tem início com a chegada dos portugueses que, arbitrariamente, tomaram posse das terras ocupadas pela população originária e fizeram isso com extrema violência. Até os dias atuais os problemas relacionados à terra não foram solucionados, ainda, temos os grandes latifúndios  improdutivos de um lado e do outro trabalhadores sem terra querendo produzir e viver da terra. Porém, nem tudo está perdido, o contrário também existiu e existe ainda, hoje. Vemos algumas iniciativas que provam a possibilidade de uma convivência harmoniosa e inteligente do humano com o planeta. E, portanto, partindo do princípio de que a terra e toda criação, em sua diversidade, é obra de Deus, o domínio da mesma não é poder exclusivo de alguns poucos, mas de todos. Já que, não somos os donos dos bens da natureza e a terra é a morada comum da humanidade.
A criação da Terra e da Humanidade, narradas de forma poética no livro do Gênesis, tem seu início quando  Deus diz: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele domine os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra” (Gn 1, 26-27). A relação dialética entre o ser humano e natureza pressupõe uma existência e a sua sobrevivência, estabelecendo ao longo da história relações de transformações do meio ambiente. Mas não de transformações destrutivas ao meio ambiente, a relação ser humano e natureza se estabelece através do trabalho, um trabalho que domina e transforma para atender as necessidades individuais e coletivas (ARENDT, 1981)[4]. Mas o que vemos é a exigência de meio mais elaborado e tecnologicamente mais avançado de desenvolvimento resultando em devastação e destruição dos espaços.
A maneira de organização da sociedade capitalista moderna caracteriza um sistema de explorados e exploradores da força de trabalho. A racionalização associada ao processo industrial capitalista aniquila qualquer iniciativa de modo de organização social digna para todos. O bem estar, o meio ambiente, os valores sociais e éticos são rejeitados em nome do lucro máximo para a manutenção do capitalismo. Neste sentido, alerta Boff (2011)[5]:


Os trabalhadores são considerados como "recursos humanos" ou pior ainda "material humano" em função de uma meta de produção. Como se depreende, a visão é instrumental e mecanicista: pessoas, animais, plantas, minerais, enfim, todos os seres perdem sua autonomia relativa e seu valor intrínseco. São reduzidos a meros meios para um fim fixado subjetivamente pelo ser humano que se considera o centro e o rei do universo, Este quer enriquecer e acumular bens para si.

Em uma de suas crises o modelo capitalista buscou saída na globalização, ou seja, na homogeneização da economia mundial, segundo seu modelo de desenvolvimento que orienta a formação de sociedades que valorizem normas de eficiência para sustentação econômica e tecnológica. As desigualdades geradas pelo sistema capitalista e seus efeitos neoliberais geram problemas de exclusão social e de acesso a terra as famílias pobres. Assim sendo, temos o desafio de falar em desenvolvimento humano sustentável num mundo globalizado sob a égide do capitalismo. De construir alternativas que tornem possível uma sociedade capaz de satisfazer as necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras, garantindo a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente a todos.
A terra vem dando claros sinais de enfraquecimento e de morte nos últimos tempos. O papel dos profetas foi e sempre será de nos advertir quanto saber interpretar os sinais de Deus através dos fenômenos da natureza. Deus, como criador, preocupou-se da humanidade entender o processo de manutenção da vida na terra. Por isso, Francisco de Assis, Chico Mendes, entre tantos outros, cada um há seu tempo, mostraram que a exploração sustentável do planeta é de responsabilidade de todos para que as futuras gerações tenham vida e vida em plenitude junto a Mãe Terra.

[1] O tema apresentado é em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente foi instituído no dia 5 de junho de 1972, durante a Conferência das Nações Unidas (ONU), sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo. A data escolhida tem como objetivo principal chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados, por muitos, inesgotáveis.

[2] O conceito de sustentabilidade que vamos usar neste trabalho é o empregado por Leonardo Boff: “Toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da geração presente e das futuras de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução, e coevolução”. Faz-se necessário aqui salientar o conceito devido ao conflito entre as várias compreensões do que seja sustentabilidade. Por exemplo, na clássica definição da ONU, do relatório Brundland, (1987) sustentabilidade “é o que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações”. Já o conceito mais comum e também jurídico está relacionado com a mentalidade, atitude ou estratégia ecologicamente correta, na diversidade cultural, viável a nível econômico e socialmente justa.

[3] Uma introdução à Bíblia. Formação do povo de Israel. Volume 2. 2ª ed. Ildo Bohn Gass (Org) RS: CEBI/Paulus 2011.

[4] ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro Forense, São Paulo, EDUSP, 1981.

[5] BOFF, Leonardo. Sustentabilidade e cuidado: um caminho a seguir. Junho de 2011. Disponível em: < http://leonardoboff.wordpress.com > Acesso em 21 de abril de 2014.


[i] Professor, Especialista em Educação e Poeta.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O Rosto Materno de Deus. Deus no feminino, o feminino em Deus. Fernando Henriques - CEBI Méier


CEBI MÉIER
Comunidade Renato Cadore

O Rosto Materno de Deus.Deus no feminino, o feminino em Deus.



Fernando Henriques
coordenador - CEBI Méier

“Ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer”. (João 1, 18).


    O Feminino; caminho do ser humano para Deus.

    Paulo nos diz que o invisível de Deus se faz visível mediante a consideração das obras da criação (cf Rm 1, 19-20). O feminino é uma suprema obra de Deus, porque somente dele e do masculino se diz que são imagem e semelhança de Deus (cf Gn 1,17). Em sua totalidade o feminino se exprime no horizontal da história e no vertical como abertura ao Absoluto que chamamos de Deus. Ninguém se basta a si mesmo ou vive para si mesmo. Assim o homem se abre à mulher, e esta se abre ao varão. Juntos formam uma unidade dual. Entretanto esta unidade não se sacia a si mesma, buscando sempre uma plenitude maior. A mulher e o varão somente se personalizam radicalmente se juntos mergulharem no mistério que é maior que seu amor mútuo. Se juntos se abrirem para o vertical de um absoluto e, assim, poderem nomeá-lo como Deus-Pai e de acolhê-lo na sua existência.
    Desta maneira o ser humano é sempre varão e mulher, feminino e masculino constituem o componente ontológico de cada ser humano.
    Questão de antropologia: o que é finalmente o homem em sua expressão masculina e feminina? No limite, o masculino sempre remete ao feminino e este ao masculino. Para a fé cristã, Deus é Trindade, Pai-Filho-Espírito Santo. Não será o ser humano enquanto homem e mulher, imagem radical da Trindade? Na Trindade temos a ver com relações absolutas constituindo as pessoas. Há a anterioridade absoluta das relações que então estabeleceram as três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O problema fundamental da Trindade é o face a face das Pessoas divinas. No ser humano emerge a mesma dialética: o face a face da mulher e do varão. O homem só é varão face a face à mulher e esta só o é face a face àquele. Esta reciprocidade é o dado último e primeiro tanto no ser humano como no ser divino. O Filho e o Espírito Santo remetem a um Princípio sem princípio, a um Mistério absoluto, o Pai. Não representa o Filho o princípio masculino e o Espírito Santo o feminino? Talçvez devamos nos recordar que em hebraico, o Santo Espírito é expresso no feminino: Rûah, Hokbah, Shekinah.
    O Espírito está sempre associado ao mistério da vida, da graça, da geração, como no caso de Maria de Nazaré, que sob a potência do Espírito concebeu Jesus de Nazaré.

O feminino, caminho de Deus para o ser humano.


    Recordemos esta oração para as diaconisas constante das Constituições Apostólicas de fins do século IV: “Ó Deus, que encheste com vosso espírito a Maria, Ana, Débora e Helda, atirai vosso olhar sobre vossa serva. Dai-lhe vosso Espírito Santo”.
    Se admitirmos que o ser humano enquanto masculino e feminino é verdadeiramente semelhante a Deus, então somos induzidos, pela lógica da própria afirmação, a admitir que Deus mesmo é prototípicamente masculino e feminino. Podemos falar de um feminino em Deus? É lícito invocar a Deus como Mãe, assim como aprendemos do Senhor a invoca-lo como Pai? Convém notar que a Teologia somente agora faz essas interrogações por causa das práticas libertadoras das mulheres de nosso tempo e pela consciência cultural da igualdade e dignidade do princípio feminino.
    Essa mesma teologia nos diz que Deus habita numa luz inacessível e que por isso está para além dos sexos. Deus é uma existência supraessencial e uma divindade superdivina. Quando dizemos que Deus é puro Espírito, queremos, no fundo, expressar a ultrapassagem de Deus a toda determinação, particularmente a esta de ordem sexual. Por isso quando professamos que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, não o fazemos no sentido de ressaltar a determinação sexual. O judaísmo histórico retrata Deus como masculino mas se afasta das demais religiões por não lhe conferir um atributo sexual, na verdade sem o expressar em uma imagem.
    As atribuições masculinas do judaísmo são meras atribuições culturais. Hoje é chegado o tempo em que a outra face de Deus, feminina, materna, encontrou condições históricas de se revelar. Ao descobrirmos o feminino em Deus e ao invoca-lo como Mãe, não estaríamos vinculados a dados sexuais, mas a qualidades femininas e maternas que se realizam absolutamente em Deus.

Deus-Mãe: alguns testemunhos históricos.


     A cultura matriarcal está cheia de divindades femininas, especialmente maternas. A cultura hebraica é basicamente masculina. Entretanto, o Espírito Santo é feminino. O próprio Jesus num ágrafo do Evangelho apócrifo aos hebreus refere-se ao Espírito Santo em feminino: “Naquele momento, minha Mãe, o Espírito Santo, me agarrou pelos cabelos e me conduziu até o cimo da grande montanha do Tabor”.
   Nos Evangelhos, as referências de Jesus ao Espírito possuem acentos maternais (cf Jo 14,18; Jo 14,26; Rm 8,15; Rm 8,26).
    A história das religiões nos informa que a divindade vem sempre representada pela cultura sob o simbolismo paterno e materno. São os dois tipos religiosos fundamentais: o crônico e o urânico.  O crônico ou telúrico, é orientado para a terra, a vida, a geração, os mistérios da morte. É a religião maternal. Voltado mais para a origem, para o paraíso terrestre e a reconciliação primigênia. O urânico ou celestial, é orientado para o céu, a infinitude, a transcendência. É a religião paternal. Voltada para o termo da história, procura a salvação e o Reino de Deus que eclodirá no futuro. Um acentua a geração e outro o nascimento; um a concepção e outro a parturição.
   O Cristianismo e o judaísmo são religiões eminentemente urânicas, masculinas: o Reino vem e é prometido para amanhã. Apesar da predominância masculina encontra-se na Escritura traços da religião telúrica e materna. Deus também é vivenciado em sua forma maternal (cf Is 66,13; Os 11,4; Is 49,15; Jo 1,18). Deus é a mãe que consola. Deus é a mãe que ergue a criança até junto de seu rosto. Deus é a mãe incapaz de se esquecer do filho de suas entranhas. Deus possui um seio aconchegante.
   O próprio Jesus usa uma linguagem familiar do feminino: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados. Quantas vezes eu quis juntar os teus filhos como a galinha e não o quiseste” (cf Lc13,34). Deus finalmente, na parusia, se mostrará no gesto típico da mãe, enxugando as lágrimas de nossos olhos fatigados de sofrer e de chorar (cf Ap 21,4).
   Na primeira parte do Livro de Jó, Deus se apresenta como um Pai duro que prova, castiga, pune o seu justo. Na segunda parte Deus como que se compadece, volta-se simpaticamente para ele e se revela sob a forma feminina da Sabedoria. Sob esta forma feminina o homem encontra uma nova face de Deus (cf Jó 38-42).
   Podemos recordar algumas reflexões:
   “Deus só é pai quando promete um amor de mãe” (André Manaranche; jesuíta e teólogo francês).
   “Deus é amor, e é por causa do amor que nós o buscamos. Em sua inefável majestade ele é nosso Pai, mas em seu amor ele se abriu a nós e tornou-se nossa mãe. Sim, em seu amor ele se tornou uma mulher e o Filho que irrompeu dele é a maior prova disso” (Clemente de Alexandria – 150-215 d.C., refletindo sobre a maternidade divina de Maria).

   “Desde que Deus seja a fonte preeminente de todas as perfeições na ordem criada, Ele deve ser também a fonte da maternidade, a suprema perfeição feminina (E. Doyle, Deus e o Feminino).
   Santo Efrém, o Sírio (306-373 d.C.), referia-se ao Espírito Santo como a “Mãe em Deus, o eterno feminino em Deus”.
    “E tu, Jesus, bom Senhor, não és também mãe? Ou não será mãe aquele que como a galinha reúne seus pintainhos debaixo das asas? Deveras, Senhor, tu és minha mãe” (Santo Anselmo de Cantuária).
   “Deus, em sua onisciência, é a nossa meiga Mãe, com o amor e a bondade do Santo Espírito que formam um só Deus e um só Senhor” (Juliana de Norwich, século XIV, mística católica inglesa, in Revelações do Amor Divino”). Para Juliana a Trindade possui três propriedades: a paternidade, a maternidade e o senhorio. A maternidade é atribuída à Segunda Pessoa, que é nossa Mãe em natureza e graça.
   São Nicolau de Flue, franciscano, considerado o padroeiro da Suiça, que viveu no século XV, narra uma visão na qual a Trindade lhe aparece na forma de Deus-Pai, Deus-Mãe e Deus-Filho.
   “Talvez a definição (do dogma da assunção) quer conduzir a Igreja a uma consideração mais profunda e a última formulação do abissal mistério da maternidade de Deus. Pois pela assunção Maria retorna à sua própria fonte. Não ela, mas Deus mesmo é o último protótipo da maternidade e da feminilidade, mesmo materialmente. (...) Como Cristo, ascendendo aos céus conduz-nos ao caminho de Deus, nosso Pai eterno, talvez Maria, assunta aos céus, queira nos conduzir a um conhecimento e amor mais profundos de Deus, nossa eterna Mãe” (Victor White, OP, in “O Escândalo da Assunção”).
   Carl Gustav Jung, num contexto psicanalítico sobre os vários dogmas marianos, formula a hipótese da divinização do feminino em Maria. Deus é a mãe eterna e o feminino absoluto historizado de forma plena na vida de Maria.
   M.A. Farley, teóloga da Universidade de Yale, nos diz que “talvez as duas nomenclaturas, Pai e Mãe, nos forneçam a força das imagens que nos traduzam mais perfeitamente o mistério de Deus”. E ela acrescenta que o feminino “se torna uma categoria apta para compreendermos também o Filho e o Espírito Santo”.
   “Deus é Pai e, mais ainda, é Mãe” (papa João Paulo I).
    A literatura sapiencial bíblica ajuda nossa reflexão (cf Pr 8, 22-23): o Senhor criou a Sabedoria como primogênita de sua obra. Também os salmos podem nos ajudar (cf Salmo 110,3): Desde o seio materno, desde a aurora da infância – aplicado pela teologia ao Verbo eterno.
   Lembremos que Deus Pai gerou o Filho. Portanto seria mais natural chamar Deus de mãe eterna que de Pai eterno.
  

Deus, princípio último de toda feminilidade: Deus minha Mãe.


     Há um princípio teológico básico que diz que diz que toda perfeição pura reflete Deus, tem sua última raiz em Deus e pode ser atribuída a Deus. Masculino e Feminino são perfeições de primeira ordem a ponto de o masculino ter servido como a principal linguagem da revelação histórica de Deus, no Primeiro e no Segundo Testamento. O feminino possui igual dignidade que o masculino e, por isso, constitui-se também em veículo comunicador de Deus. Tanto o masculino como o feminino são imagens de Deus (cf Gn 1,27). O que quer que seja precisamente masculino e feminino, encontra em Deus seu protótipo e sua fonte.
    O Deus-feminino serve de arquétipo supremo para a mulher como Deus-masculino serve para o varão. O que encontramos na história possui sua derradeira origem no próprio mistério de Deus. Assim como do Pai eterno nos vem toda a paternidade do céu e da terra, assim também toda maternidade no céu e na terra vem da Mãe eterna. O feminino histórico serve por um lado de itinerário para o feminino de Deus, por outro, significa a presença criada à semelhança deste feminino de Deus. Portanto o feminino possui uma dimensão eterna. Esta afirmação é absolutamente correta em Jesus Cristo, varão assumido hipostáticamente pela Segunda Pessoa da Trindade. Jesus é masculino e feminino: viveu plenamente o masculino (pois era varão) como integrou perfeitamente a dimensão feminina. Tudo em Jesus, também o feminino, foi assumido hipostáticamente pelo Verbo eterno. Em Jesus o feminino pertence a Deus e é divinizado. Segundo as regras cristológicas da perocórese, este feminino de Jesus é Deus. (Obs: União hipostática em teologia: que forma uma só pessoa; união hipostática do Verbo com a natureza humana.
   Apolinário de Laodiceia foi o primeiro a usar o termo “hipostática” na tentativa de compreender a encarnação. Apolinário descreveu a união do divino e humano em Jesus Cristo como sendo de uma única natureza e tendo uma única essência ou substância - uma união hipostática. Entretanto, Apolinário propunha que Cristo tinha um corpo humano porém uma mente divina, esse conceito também chamado de apolinarianismo foi rejeitado e considerado heresia no primeiro Concílio de Constantinopla.
   Teodoro de Antioquia (ou de Mopsuéstia) foi em outra direção, argumentando que em Jesus Cristo havia duas naturezas (humana e divina) e duas substâncias (hipóstase), no sentido de "essência" ou "pessoa", que co-existiam ao mesmo tempo.
   O Concílio de Calcedónia, em 451, concordou com Teodoro a respeito da encarnação, entretanto o Concílio insistiu que a definição não seria da natureza e que deveria ser na pessoa, o que concordava com o conceito trinitariano de Deus. Assim, o Concílio declarou que em Cristo há duas naturezas, cada uma mantendo as suas próprias propriedades, e juntas unidas numa substância e, em uma única pessoa.
    Aqueles que rejeitam o Credo da Calcedônia são também conhecidos como monofisistas porque só aceitam uma definição que caracteriza Jesus Cristo encarnado como tendo uma única natureza. Os demais são diofisistas (duas naturezas) porque aceitam a união hipostática de Cristo.
    Como a compreensão humana não consegue explicar de que forma é realizada essa união das substâncias, a união hipostática de Cristo é também conhecida como "união mística".
    A união hipostática foi o motivo da separação da igreja síria e alexandrina (copta) também conhecidas como Igrejas não-calcedonianas das Igrejas Ortodoxas.
    Para Leonardo Boff, o Deus cristão, o Deus da vida, sempre é a Trindade de Pessoas: a comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O conceito pericórese é colocado em intrínseca significação com os conceitos bíblicos de comunhão, amor e vida, pois a interpenetração dinâmica entre as Pessoas da Trindade é o resultado do amor e da vida que constituem a essência da Trindade. A Trindade seria modelo e inspiração para a organização da sociedade e para as lutas por justiça e pela vida humana.
    Portanto pericórese é uma expressão grega que literalmente significa uma Pessoa conter as outras duas (em sentido estático) ou então cada uma das Pessoas interpenetrar as outras reciprocamente (sentido ativo). O adjetivo pericorético quer designar o caráter de comunhão que vigora entre as divinas Pessoas da Trindade.

    Jesus revelou a Deus como Pai e ele próprio se deu a conhecer como Filho na força do Espírito Santo. O que se quer dizer com isto? Pai exprime a realidade divina enquanto é princípio sem origem de tudo, a fonte da qual tudo sai e para a qual tudo é reconduzido. Filho é esta mesma realidade divina enquanto é autocomunicada como verdade de si mesma, como expressão infinita de si mesma para fora de si mesma. Espírito Santo é esta mesma realidade divina enquanto ao comunicar-se a si mesma produz a aceitação amorosa de sua comunicação naquele que a recebe. A Santíssima Trindade é, portanto, momentos da única autocomunicação de Deus, do Mistério insondável que sai de sua obscuridade, manifesta-se como luz (conhecimento) e se autodoa como dom (amor) sem perder seu caráter de Mistério incompreensível e indisponível. Ao pensarmos em um Deus Uno e Trino podemos expressá-lo em uma terminologia feminina: Mãe, Filha e Espírito Santo, desde que consideremos e professemos também a terminologia de Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto o Deus uno e trino, misterioso e conhecido como misterioso no conhecimento, próximo e distante, fascinante e tremendo, pode ser experimentado e invocado como meu Pai e minha Mãe, nosso Pai e nossa Mãe.

Qual o sentido último do feminino?


    Primeira resposta: o feminino, na ordem da criação, encontra o seu sentido em revelar o feminino de Deus. O feminino possui uma dimensão e função sacramental: fala de Deus, evoca Deus e aponta para Deus.
   O varão Jesus foi pensado e querido por Deus para poder ser o grande receptáculo da autocomunicação pessoal de Deus dentro da criação. Ele está totalmente em função do desígnio encarnatório do Filho eterno. Pela encarnação o Filho se harmoniza, o que equivale a dizer, assume concretamente a forma masculina e feminina na concretização do varão e o varão se diviniza, o que implica a divinização do masculino e do feminino que o constituem.
   Pela união hipostática, a humanidade de Jesus (masculina e feminina) deve ser considerada como humanidade do próprio Deus. O masculino ganha assim um quadro último e divino. O feminino está implícito porque ele faz parte da realidade humana do varão Jesus Cristo.
   Sabemos que foi a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, quem se uniu ao varão Jesus de Nazaré. Que Pessoa divina estaria ordenada a assumir diretamente o feminino e diviniza-lo?
   Podemos crer ser o Espírito Santo a Pessoa divina a quem o feminino é apropriado. Não só porque na mentalidade hebraica o Espírito Santo seja feminino, mas porque tudo que é ligado à vida, à criatividade, à geração é atribuído nas fontes da fé ao Santo Espírito.
   O Espírito Santo teria, portanto, a missão histórico-salvífica de divinizar hipostáticamente o feminino, direta e explícitamente, e de forma implícita o masculino. Podemos identificar na história a concretização desta sua missão, como identificamos a missão do Verbo divinizando o masculino? Ou o feminino será, somente, no termo da história, divinizado pelo Espírito Santo? Podemos estimar que somos presenteados com uma antecipação escatológica deste evento de infinita doçura no mistério de Maria Santíssima.

    O CEBI Méier convida você a participar deste terceiro encontro de mariologia. Ajude-nos nesta reflexão trazendo sua Bíblia, sua experiência de vida e algo para partilhar. O texto-base deste encontro é a obra de Leonardo Boff, O Rosto Materno de Deus, editora Vozes, 11ª edição, Petrópolis, 2012.

   O CEBI dispõe de duas salas em uso permanente na Casa Pe Dehon (Rua Vilela Tavares, 154, Méier), espaço cedido pela Paróquia do Sagrado Coração de Jesus. Os encontros são semanais, aos sábados, de 8:30 às 12 horas. Venha fazer esta experiência em nossa companhia.

Programação para maio de 2015:

16/05  – O Rosto Materno de Deus: Reflexão mariológica: o mistério de Maria Santíssima.

23/05  – Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Local: Igreja Batista Farol da Lapa; horário a confirmar.

30/05  – Evangelho de Mateus: Quem é Jesus? – capítulo 16.



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quinta-feira, 7 de maio de 2015

DICA BÍBLICA: COMO COMEÇAR LER A BÍBLIA PELA 1ª VEZ, MAS EM CÍRCULOS BÍBLICOS E OUTROS GRUPOS AFINS? Valdeci de Oliveira Biro

DICA BÍBLICA: COMO COMEÇAR LER A BÍBLIA PELA 1ª VEZ, MAS EM CÍRCULOS BÍBLICOS E OUTROS GRUPOS AFINS?

Em nosso dia a dia, temos nos deparados com muitas pessoas, que afirmam que não conseguem ler a Bíblia por falta de instrução ou de alguém que possa conduzi-las neste caminho de fé.
Ler a Bíblia de qualquer maneira é arriscado/perigoso. A Bíblia deve ser lida de uma forma eficiente! Uma forma é nas CEB’s de tradição Católica Romana, com suas Escolas Bíblicas[1] ou nos Círculos Bíblicos/Grupos de Reflexão/ Grupos de Base/Grupos de Rua[2] e nos Grupos de Fé e Vida ou Grupos de Fé e Política[3]. Na tradição Evangélica com as Escolas Dominicais, com seus grupos de cultos nos lares, bem como os grupos de visitação para doentes, famílias enlutadas, ou seja, em cada comunidade pode existir um grupo de pessoas que lê, estuda e planeja visitas a doentes, a pessoas desanimadas, afastadas, excluídas, deprimidas e sedentas por comunhão[4].  
Percebam, quantos grupos trabalham com Palavra de Deus! É à força da Palavra de Deus no meio do seu Povo.  Esses grupos já estão capacitados na instrução da Palavra de Deus para aquelas (as) pessoas que necessitam de uma explicação bíblica, e que possam ajudá-los a entender o texto bíblico sem confusão ou distorções fundamentalistas.
O que move a fé de uma pessoa que esta começando a estudar a bíblia, é a valorização de suas perguntas. Para nós biblistas, inseridos no meio do povão, não existe pergunta boba por parte daqueles que tem duvidas sobre as passagens bíblicas. Lembrando, o que move o estudo bíblico são as perguntas que povo faz sobre a Palavra de Deus. Geralmente quando pegamos a bíblia para ler pela primeira vez, começamos pelo livro de Gênesis, e é ai que se encontra uma boa dica de leitura inicial da bíblia: Começar a ler a bíblia pelo livro de Gênesis, mas desde que seja em grupos/círculos bíblicos/grupos de reflexão...
Esta forma de se reunir em grupos, cria uma nova modalidade de Igreja. A chamada Igreja doméstica. A Igreja que refletia a Palavra de Deus nas casas. Era dessa forma que os primeiros círculos bíblicos surgiram nos primeiros séculos da Era Cristã, refletindo a Palavra de Deus nas casas.
Gente! Em grupo fica tudo mais fácil, principalmente o entendimento da Palavra de Deus, ok!
Outra sugestão prática é ler o Livro de Atos dos Apóstolos capítulo 8 26-40: Aqui, Filipe é enviado por um anjo do Senhor até uma região, onde encontra um Etíope Ministro[5] da rainha Candece na África, explica uma passagem das escrituras do Profeta Isaías, o qual ele lia e batiza-o Etíope no Novo Testamento. Então fique ai à dica bíblica de hoje.
 Valdeci de Oliveira Biro
Pós-Graduado em Assessoria Bíblica Centro de Estudos Bíblicos
 Escola Superior de Teologia Bíblica Luterana de São Leopoldo-RS




[1]O método da Leitura Popular da Bíblia: aceitar que o mistério salvífico em Deus se da através de Jesus, o Homem de Nazaré, impulsionado pelo Espírito Santo e tendo como protagonistas os pobres, excluídos e pecadores; crescer na fé e no conhecimento bíblico em conjunto com os irmãos e em comunidades; por em prática os atos e palavras de Jesus.
[2] Compor Círculo Bíblico ou Grupo de Reflexão é muito simples. Convide, por exemplo, os vizinhos de sua rua e reúna pequenos grupos de 8, 10 e até 12 pessoas. O 1º encontro pode acontecer em casa oferecida com antecedência por alguém do grupo. Seria conveniente que os encontros seguintes fossem realizados em casas diferentes da mesma rua, para que todos possam ir se aproximando e se conhecendo melhor. Os grupos podem ser formados por afinidades: grupos de casais, de jovens de adolescentes e de crianças, etc. Era comum entre os cristãos reunir-se da Palavra e da Eucaristia nas casas (Atos 2,42-47). O apóstolo Paulo destaca muitas casas que se tornaram igrejas a serviço da evangelização (Rm 16,5; 1°Cor 16,19; Fl 4,22; Cl 4,15...). Casa é na atividade missionaria de Jesus, lugar especial de aproximação, de acolhimento, de fraternidade, de escuta da Palavra e da partilha do Pão. < http://pt.slideshare.net/leituraorante/crculos-bblicosgrupos-de-reflexo> acessado em 03 de maio de 2015.
[3]  Excelente artigo de Dom Valmor, Arcebispo de Belo Horizonte MG, que valoriza e resgata  trabalha profético dos grupo de Fé e Politica: “Os grupos de fé e política cumprem uma imprescindível tarefa educativa e prestam um serviço qualificado, acima de simples interesse partidário. Exercem a cidadania à luz do Evangelho. Eles são uma efetiva possibilidade de corrigir descompassos notados na sociedade quando se confunde a relação entre fé, religião e política, especialmente no que diz respeito a instituições e eleições. É lamentável quando se fala de bancada confessional. Um parlamento se configura por razões políticas nobres e cidadãs. Jamais por interesses cartoriais de grupos religiosos”.< http://legislativonesp.blogspot.com.br/2013/10/artigo-de-dom-walmor-grupos-de-fe-e.html>acessado em 03 de maio de 2015
[4] Comunidade Viva: manual de educação à distância. Organizador Sidnei Vilmar Noé. São Leopoldo, RS: EST, 2003, p.5.   
[5]Ora, um Etíope, eunuco e alto funcionário de Candece, rainha da Etiópia, que era superintendente de todo o seu tesouro, viera a Jerusalém para adorar” (At 8,27). Pelo texto podemos entender que eunuco não é um povo, mas este eunuco pertencia à Etiópia, e era alto funcionário real. Conforme o texto a Etiópia estava sendo governada por uma rainha, que era designada pelos outros povos como rainha de Candece. Aqui no caso este Eunuco se tornou (ou impuseram) esta condição para poder trabalhar no Palácio da Rainha. A Etiópia que aparece no texto estava localizada no norte da África além da primeira catarata do Rio Nilo, se pode entender como o Sudão ou Núbia egípcio. Nota complementar: Quem foram os Eunucos dos tempos bíblicos? Em poucas palavras podemos resumir que a palavra eunuco parece se referir a homens castrados (normalmente para servir a realeza feminina em "segurança"). Este expediente era muito usado na antiguidade, pode-se entender este eunuco etíope desta maneira. Jesus no evangelho de Mateus fala de três tipos de eunucos (conforme Mt, 19,12). Comentando a passagem podemos dizer: aqueles que nasceram eunucos, e são eunucos desde o seio materno. Pode se entender eunucos "que pelos homens foram feitos tais" são aqueles que foram castrados. O eunuco etíope, em Atos 8, é batizado pelo Apóstolo Filipe. O eunuco estava lendo Isaías 53, a passagem profética do Messias que descreve o destino sofredor daquele que foi tirado da terra dos viventes. O Eunuco recebeu a mensagem de que aqueles que afirmarem que Jesus é o filho de Deus seriam incluídos em seu Reino. Daí, então a sua pergunta: "O que impede que eu seja batizado?” Mais uma explicação para a palavra eunuco encontramos no convite que Jesus faz a aqueles que querem consagrar-se exclusivamente ao Reino de Deus. O texto do evangelho de Mateus é muito claro não precisa de maiores explicações: “Com efeito, há eunucos que nasceram assim, desde o ventre materno. E há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade par compreender, compreenda”. (Mt 19,12). < http://www.abiblia.org/ver.php?id=3099#.VUY1yI5Viko >  acessado em 3 de maio de 2015. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

EVANGELHO DE JOÃO - Janete Julio Martins - Extensivo e Sub-regional Caxias

EXTENSIVO CEBI RJ
Janete Julio Martins

EVANGELHO DE JOÃO


CARACTERÍSTICAS , TEOLOGIA e OBJETIVO
No início era a Palavra e o Logos estava junto de Deus e o Logos era Deus (1,1). A grande sinfonia de abertura de João é o Verbo (Logos) sendo Deus e estando com Deus desde o começo .
Notamos que Marcos começa com João Batista; Mateus, que está preocupado com os judeus de suas comunidades, vai até Abraão; Lucas, que tem diante de si a “ninguenzada”, vai até Adão, vai para além do judaísmo; e João, um tempo depois vai à realidade do Eterno, à essência do ser Messias: Ele era Deus desde sempre.
Na cultura helenista, “lógos” significa “palavra, discurso, narrativa”. No hebraico, “dabar”- palavra, que está relacionada com “verdade”. Qdo João fala de palavra, ele está falando diretamente de Deus, da sua Sabedoria, da sua Essência, o próprio Filho. Palavra/Logos/ Jesus – No início (começo – Gn) já existia a Palavra.O fundamento da obra joanina: Jesus é o Cristo desde sempre, porque estava junto ao Pai e era como o Pai (= Deus).
A época da comunidade joanina é muito diferente de Mc e Mt. É mais difícil. Enfrenta fortes perseguições externas e tensões internas. Ele precisava “segurar” a comunidade dos ataques e ameaças externos e crises internas. O Logos (Palavra) era fundamento de comunhão, era a sintonia com o Pai, era o jeito de o cristão viver com o seu próximo. Ele mostrou que se fazia necessário substituir as instituições existentes, pois eram como talhas vazias.
O novo jeito de ser povo escolhido, povo de Deus, era este: ser capaz de lavar os pés do seu próximo, como sinal de inferioridade. A inferioridade é o fundamento cristão da fraternidade. O sacerdócio não seria mais por tradição, descendência ou primogenitura. Ele será um serviço (diaconia) , não será uma posição social para projeção pessoal , mas será um doar a vida como quem serve. Os temas preferidos da literatura joanina propostos por Jesus: amor fraterno, a comunhão-partilha (koinonia), solidariedade, poder-serviço, perdão,promoção da vida, paz e comprovação da própria fé. Impressiona o contraste entre a afetividade com que trata os leitores, “filhinhos” (1Jo 2,1.12.18. 28; 3,7.18; 4, 4; 5, 21) e a dureza com que xingava os adversários de “anticristos” (1Jo 2, 18. 22; 4, 3; 2Jo 7). Quanto à eclesiologia, a comunidade é bem original. Nada de epíscopos, presbíteros, diáconos e nem mesmo apóstolos. É uma comunidade de discípulas e discípulos. O autor de 2 e 3 João se apresenta como “mais velho” (sênior).
O único dirigente e mestre da comunidade é o Espírito Santo. O importante não é a hierarquia, mas a vivência da fé e do amor. É da situação de perseguição ou de um mundo hostil que nasce a teologia (Jo 16). Trata-se de uma comunidade que sempre cresce em sua fé e em seu testemunho. Ela vive do Espírito para atualizar a imagem e a sabedoria de Jesus,. Possui uma identidade própria e e bem definida. Aprofunda, continuamente, a sua maneira de compreender a missão e a pessoa de Jesus Cristo e a missão do Espírito Santo. A confissão de fé em Jesus realiza o julgamento verdadeiro, e não é julgamento seguindo as aparências realizado pelos fariseus (7,14-24). È a revelação da verdade sobre Deus e sobre o mundo. Em Jo 17,14-17 está claro que “não ser do mundo”, mas “estar no mundo” é, na verdade, viver relações alternativas, diferentes das que o sistema dominante impõe. A linguagem deste evangelho vai mais fundo, revela o sentido, o significado que está além das palavras. Apesar de os relatos terem como fonte fatos históricos, precisamos buscar o sentido, além do natural, atribuído a eles. Os sinais foram escritos para levar seus leitores a acreditar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que crendo nele, tenham vida. A palavra crer ou acreditar encontra-se 89 vezes neste Evangelho. O 4º evangelho fortalece a adesão, o acreditar em Jesus Cristo, para resistir frente a todas essas perseguições e pressões, mantendo a fidelidade ao seu projeto de vida, e vida em abundância. Por isso, persiste em permanecer no amor de Jesus. Este fortalecimento da adesão a Jesus se destina a pessoas da terceira geração e que não viram pessoalmente, mas nele creram.

REDAÇÃO DO EVANGELHO : +- anos 80 – 110
A redação do Evangelho de João aconteceu num espaço de 20 ou mais anos. Não é aconselhável afirmar que tenha sido escrito por uma única pessoa, ainda que fosse o João evangelista. Textos isolados foram aparecendo, foram organizados e costurados por uma pessoa ou grupo de pessoas ( acréscimos). Apesar de estar bem organizado, apresenta falhas de costura. Nessa fase as comunidades entram em choque com grupos diferentes. Estas considerações levam a concluir que o evangelho não foi escrito de uma só vez, nem por uma única pessoa. É o resultado de um longo processo redacional, que durou várias décadas, fruto de releitura da comunidade em situações novas que surgiram. Isso explica duas conclusões do evangelho: (Jo 20, 30-31) e (Jo 21, 24-25),reconhecendo a autoridade das igrejas petrinas, já não conseguindo mais manter a experiência do discipulado de iguais. São levadas a aceitar uma articulação mais estreita com as igrejas petrinas, reconhecendo sua autoridade e assumindo seu modelo hierárquico.
Na segunda metade do segundo século, seus escritos fora atribuídas ao apóstolo João, filho de Zebedeu, irmão de Tiago. O lugar não deve ter sido outro que Éfeso, onde fervilhavam teorias. DESTINATÀRIOS
Nota-se uma insistência muito forte à comunhão,à unidade, ao amor, à resistência e que os cristãos estão num novo êxodo. Dentro das perseguições, o evangelho destina-se aos cristãos perseguidos pelo império romano e pela sinagoga. Como descreve o autor da primeira Carta de Pedro, eles estão sem pátria e sem teto. São os conselhos do Pai, do Ancião, do homem cheio de amor e bondade para com os “filhinhos” inexperientes, ingênuos. Ele não os quer vítimas da ingenuidade, mas profetas da Liberdade e da Verdade, pois só ela libertará (8,32).

QUEM É O DISCÍPULO AMADO? Significado da palavra João – Deus concede Graças ou Deus Consola O Discípulo Amado era uma figura-chave para a comunidade, pois ele lhes transmitiam o seu testemunho sobre Jesus (Jo 19, 35; 21,24) Associando com a figura do Teófilo de Lucas, João deve ter visto não um discípulo específico, mas a figura ideal de discípulo. Por outro lado, João evidencia esse ideal de discípulo em relação ao real, ao cotidiano do discipulado, que é Pedro. Tudo que o Discípulo Amado é, Pedro não é. A figura do Discípulo Amado serve de contraste para Simão Pedro.
DISCÍPULO AMADO                           X                              PEDRO
 Ele está ao pé da cruz (19, 26-27)                        Ele e outros fogem (16, 32);
 Na ceia ele está perto, (13, 23-26)                       Ele está longe e faz indagações.
 Na prisão, ele entra e sai para buscar Pedro        Ele chega depois, indiferente (18,15).                       (18,16);
 No sepulcro, chega antes e acredita (20, 4.8)      Chega depois, fica indiferente.
 Na pesca da Galiléia, reconhece (21,7. 15-18).   Não reconhece, (vergonha) por estar nu.

Não podemos saber o nome do Discípulo Amado, embora possamos suspeitá-lo: Ele é um antigo discípulo de João Batista. Começou a seguir Jesus na Judéia, quando o próprio Jesus estava bem próximo do Batista. Participou da vida do seu mestre durante a sua última estada em Jerusalém. Era conhecido do sumo sacerdote. Sua ligação com Jesus foi diferente da de Pedro, o representante dos doze.
O Discípulo Amado pode ser uma personalidade histórica coletiva, ou a própria comunidade joanina.
Este não era um dos Doze, mas era discípulo e amigo de Jesus.

CONTEXTO HISTÓRICO
Comunidades joaninas As comunidades joaninas são as “Igrejas Primitivas” também chamadas comunidades do “Discípulo Amado”. As comunidades joaninas manifestam-se na herança dos escritos atribuídos a João: Livro do Apocalipse (Ap), Evangelho de João (Jo), as Cartas: Primeira João (1Jo), Segunda João (2Jo) e Terceira (3Jo). Na medida em que a comunidade ia se desenvolvendo, primeiro começou a ter problemas com os sacerdotes do Templo, depois com os fariseus, e, finalmente com as proprias comunidades fundadas pelos Doze. Com o tempo a comunidade é levada a sair da Palestina e a instalar-se na Ásia Menor. Essas comunidades determinadas, mesmo em meio ao conflito com o império na Ásia Menor, buscavam um caminho diferente, menos institucionalizado e mais ecumênico. Características das comunidades joaninas: · Comunidades de periferia; · Sem poder; (tinha poder-serviço) · Marginalizadas; · Excluídas do Sistema. Formação da comunidade (anos 50 – 80 aproximadamente) A tradição situa as comunidades joaninas na região de Éfeso, na Ásia Menor (veja o mapa). A origem dessas comunidades não pode ser determinada com exatidão. Foram surgindo lentamente durante 30 anos aproximadamente. O Evangelho e as Cartas não nomeiam nem situam as comunidades geograficamente. No Apocalipse os capítulos 2 e 3 falam de sete (7) comunidades concretas ou igrejas (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, e Leocádia). Certamente as comunidades joaninas eram muito mais numerosas. A comunidade mais velha provavelmente era Éfeso, o ponto de partida para a expansão da mensagem cristã. Os grupos de origem das comunidades ligadas ao Discípulo Amado viviam na Palestina, provavelmente na Galiléia. Comunidades que foram se formando a partir de um grupo de cristãos de origem judaica. Comunidades acolhedoras que recebiam qualquer pessoa de qualquer procedência: os discípulos de João Batista (cf. Jo 1, 35ss), os samaritanos (cf. Jo 4), os helenista (cf. Jo 7, 35; 12, 20), os judeus expulsos da sinagoga (cf. Jo 9, 22; 12, 42. 16,2).
O que vem acarretar conflitos externos e confrontos inevitáveis (80 -100, aprox), mas essa pluralidade de culturas faz crescer e enriquecer a fé. A comunidade joanina é uma afluência de vários grupos com suas respectivas tradições religiosa.
a) Grupo “mundo”
Essa palavra tem pelo menos 4 significados: existência, universo, humanidade e sociedade (sociedade corrompida, injusta e opressora). Trata-se da sociedade greco-romana, com suas leis, sua cultura, seu sistema político-econômico e principalmente, seu poderio militar. Naquele contexto histórico-social, o mundo em que se inseria a comunidade joanina tinha interesses coincidentes com o judaísmo formativo. O povo judeu jamais se conformara com a dominação romana.
b) Grupo “judeu”
A palavra “judeu”, no Evangelho às vezes representa todo o povo judeu. Nesse caso, por trás escondem-se as autoridades do povo judeu, em parte responsáveis pela morte de Jesus e dos cristão no tempo em que o Evangelho está sendo escrito. Havia os judeus da sinagora que expulsaram os cristãos (9,22) e também os judeus que criam em Jesus (2,23-25) .
c) Grupo “seguidores de João Batista”
Atos 19,1-7 dá a entender que, desde o ano de 54, em Éfeso, já havia seguidores de João Batista, personagem importante no Evangelho de João. Estudos recentes afirmam que o Prólogo (Jo 1,1-18), esse hino, na sua origem seria uma poesia dedicada a João Batista. De fato, examinando Jo, 1-18, nota-se que os versículos 6-8 e 15 são uma espécie de cunha, um acréscimo para esclarecer que João Batista é simples testemunha que leva as pessoas a crer em Jesus. Ele reconhece que deve diminuir até desaparecer, ao passo que Jesus deve crescer (3,30), e à medida que dá testemunho, se esvazia e perde discípulos (1, 35-39). Nessa dimensão, é sinal de que as comunidades joaninas tiveram sérios enfrentamentos com os seguidores de João Batista. Em 3,23-36 o problema é que Jesus batiza e tem mais discípulos que João.
d) Grupo “criptocristãos” (cristãos “em cima do muro”)
São pessoas que deram sua adesão a Jesus, mas têm medo de confessar publicamente a própria fé. Se fizessem seriam expulsos da sinagoga como o cego que Jesus curou na piscina de Siloé (Jo 9,1-38). Duas personagens do Evangelho de João representam bem esse grupo: são Nicodemos e José de Arimatéia. Os dois pertenciam à elite dos judeus. José de Arimatéia usa seu prestígio (talvez pagando propina) para convencer Pilatos a deixar que o corpo de Jesus seja retirado da cruz (Jo 19,38b). Os romanos deixavam os corpos apodrecendo na cruz, para servir de alerta a quem ousasse discordar do sistema, do “mundo”.
e) Grupo “cristãos judeus de fé inadequada” (insuficiente)
As comunidades do Discípulo Amado não poupam críticas a esse grupo em seu Evangelho. O grupo segue Jesus até servir aos próprios interesses. O trecho a seguir começa reclamando desse grupo e termina mostrando a desistência do mesmo (Jo 6,60-66).
f) Grupo “cristãos das igrejas apostólicas” (hierarquizadas)
As comunidades joaninas não tinham um poder centralizado e centralizador como as outras comunidades cristãs do fim do I século e início do II século. Eram extremamente fraternas e iguais. A imagem mais significativa a esse respeito é a da videira (Jesus) e os ramos (os fiéis) capítulo 15. Para entender basta observar o papel das mulheres no Evangelho de João. As comunidades joaninas reagem contra as igrejas hierarquizadas representadas por Pedro. Pedro ao encontrar-se com Jesus pela primeira vez recebe um desafio que é procurar a própria identidade, representada pelo nome que Jesus lhe impõe, Cefas. Mas Simão nunca é chamado de Cefas. Jesus o chamava se Simão, filho de João. (21,15-19). Excetuado dois textos (Jo 6, 67-71) e o capítulo 21, que certamente são acréscimos posteriores, Pedro se debate constantemente à procura de um eixo que lhe dê equilíbrio.
g) Grupo dos dissidentes
Grupos com outras idéias, como helenizantes ou gnósticos, Mais que no Jesus histórico, acreditavam no Jesus transfigurado.
Política e economia
A Palestina vive desde 63 a.C., sob o domínio do Império Romano.
No ano 39 d.C., o imperador Calígula (37-41 d.C.) quis intensificar o culto ao imperador para unificar o grande império. Depois da morte de Agripa I, em 44d.C. (At 122,23), toda a Palestina passou a ser uma provìncia romana. Em 41 d .C., o imperador Cláudio (41-54) expulsou os judeus de Roma. O seu sucessor Nero (54-68) perseguiu os cristãos. Houve martírio dos apóstolos e massacres de judeus em várias partes do império.
A situação sócio política da Palestina tinha se tornado cada vez mais confusa e pesada. O povo já não aguantava mais a exploração do império romano. No ano 66 desencadeou-se uma revolta generalizada dos judeus. Roma já não conseguia mais controlar a situação. Depois de muita brutalidade, depois de vários meses de cerco, o exército romano arrasou Jerusalém. Entre os anos 70 a 90 depois da guerra judaica contra Roma aconteceram muitas outras mudanças. Jerusalém e o Templo foram destruídos e nasceu o judaísmo rabínico, que teve a Academia de Jamnia como centro. A hegemonia farisaica dominou as sinagogas. Os judeus-cristãos foram expulsos do seio do judaísmo (16,2). . Muitos abandonaram as comunidades e se uniram definitivamente às sinagogas, seus lugares de origem. É um novo êxodo. Isso acentuou a perseguição do Império Romano Crise com o judaísmo (cap 9) e com o “mundo” (cap 13-20). O Concílio de Jamnia foi realizado nos finais do séc I d. C. ( +- 90) e destinou-se a procurar um rumo para o judaísmo após a destruição do Templo de Jerusalém . Por volta de 85, os cristãos que iam para as sinagogas discutir a lei e as profecias com os judeus, são expulsos. Muitos abandonaram as comunidades e se uniram definitivamente às sinagogas, seus lugares de origem. É um novo êxodo. As dificuldades entre cristãos e judeus se acentuaram.
Assim, as várias crises provocaram saídas da Palestina, indo de encontro ao mundo pagão e a Boa Nova espalhou-se pelo império. Devido a fatores de conjuntura internacional,conflitos,pagamento de tributos e impostos, mandar soldados para o exército, reconhecer a autoridade divina do imperador, cultuar as divindades romanas, e atender a interesses do império, faziam o povo cada mais refém e sem poder.. Por isso, onde as comunidades cristãs começavam a se formar, aos poucos, entravam em conflitos com a liderança local ou com os grupos de interesses como o da opinião pública, com a ideologia e religião oficiais. Sofreram crescente resistência do império. Muitos abandonaram a fé, o que criou novos problemas.
Em geral, o império romano respeitava as leis das províncias, cidades ou reinos, se não fossem contrários ao direito imperial. Em cada província romana foram colocadas as tropas, as legiões, administradas por um legado com poderes militares. A grande rede das” estradas romanas”,o combate aos bandidos e piratas provocaram uma grande mobilidade por mar e terra em todo território.
A sociedade Greco-romana se baseava na exploração do trabalho escravo. O escravismo tornou-se o “modo de produção”, a grande mão de obra. Aumentaram os latifundiários residentes nas grandes cidades do império. A população do campo que sustentava a cidade com toda a administração. Além disso precisava produzir para o comércio que funcionava na cidade. Todo o sistema econômico ficou baseado no comércio. Até circulava uma moeda própria. O conflito campo/cidade aumentou. A Cultura Greco-romana era uma cultura urbana. A cidade ficou o centro da irradiação da cultura helenística. Cada cidade/polis tinha ao menos um ginásio para a formação de jovens varões, um campo de esportes, a praça pública com acesso somente para os homens. Lá aconteciam as liturgias públicas em honra aos deuses, do imperador, os debates filosóficos e políticos entre os homens livres (demos). Apenas estes tinha a plena cidadania. Eram 10% da população. Existia também a praça do mercado, sinal da cultura mercantilista da época.
Desaparecimento das comunidades joaninas (por volta do ano 110) A parceria das comunidades do Discípulo Amado com as igrejas hierarquizadas teve consequências claras. O conflito interno foi superado, o grupo que criava discórdia dentro das comunidades joaninas foi afastado e se incorporou ao gnosticismo fazendo uma leitura gnóstica do Evangelho de João, o que reforçou a desconfiança das outras comunidades cristãs em relação ao Evangelho. As comunidades joaninas tiveram que ceder e se adaptar ao novo jeito de ser igreja. Abandonaram o Evangelho de João para adotar o de Mateus. Cederam com inteligência e criatividade, mas o preço foi alto e fatal: pouco a pouco foram absorvidas pelas comunidades hierarquizadas e diluíram-se nelas. Foram acrescentados ao Evangelho de João alguns textos importantes referentes à figura representativa de Pedro (Jo 6, 67-71 e o capítulo 21) e à Eucaristia (Jo 6, 51-58). O Evangelho de João passa por um longo processo de silêncio e desconfiança. Muito tempo depois, alguns escritores cristãos sem preconceitos o recuperam sem a influência do gnosticismo.
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As mulheres estão no momento –chave do Ev João
A tradição das comunidades joaninas reflete um modelo de igreja onde as mulheres tinham liderança e participação reconhecida. São sete os momentos de destaque:
*Maria introduz Jesus na vida pública levando-o a realizar o 1º sinal ( 2, 1-12);
*Leva a Boa Nova de Jesus a Samaria é uma mulher samaritana ( 4, 1-42)
*Jesus desmascara fariseus e escribas em relação à mulher adúltera ( 8, 1-11)
*A profissão de fé no messianismo de Jesus sai da boca de Marta ( 11,1-27)
*Maria, irmã de Marta antecipa o lava-pés de Jesus - poder serviço ( 13, 1-17)
*A mãe de Jesus, com outras mulheres, estavam ao pé da cruz (19,25-27)
*Aparição do ressuscitado a Maria Madalena ( 20, 11-18).
As festas
Segundo o evangelho, Jesus participou de muitas festas (2,1-11; 6,4-13; 2,13,23; 12,1; 5,1; 7,1-52; 10,22-42).
As festas significavam para a comunidade memória e compromisso, eram realização das promessas de Jesus.
A Páscoa e os Ázimos – eram festa da primavera, origem muito antiga. Tinha a ver com festas de pastores cananeus. Páscoa era Aliança.Trato de amizade garantido por Deus.
Pentecostes – também festa agrícola, ofertar primícias e pedir outra vez os dons da terra. Era uma festa de acolhida universal. Jesus acolheu samaritanos (4,39-42) e gregos (7,35; 12,20-21).
Tendas – ação de graças pela colheita e pela caminhada no deserto. Pedindo chuva do outono, iam em procissão e tiravam água da fonte de Siloé, que derramavam sobre o altar, recordando o rito na época do Templo. Neste ambiente Jesus se proclama Fonte de água viva ( 7,38).

BIBLIOGRAFIA 
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Guerreiro, Zélia - Conteúdo Visão Geral – 2º mód 2014 CEBI RJ
Flora Anderson, Ana ; Gorgulho,Gilberto da Silva - A Comunidade Libertadora - Curso de Verão ano 6, Edições Paulinas, 1992 
Gass, Ildo Bonh – Introdução à Biblia- Evangelhos, CEBI 
Lopes, Mercedes – PNV 248, Quem me encontra, encontra a vida, CEBI 2008 
Mazzarollo,Isidoro – A Biblia em Suas mãos- EST Edições, 2ª edição, 1996 
Nusse,Dietlind; Silva, José Josélio; Oliva, José Raimundo; Brito,Arthur Tavares de- Evangelho Segundo João – O Escândalo da Partilha, Séria ensaios, CEBI
Weiler, Lucia- PTP 124, CEBI 2001, págs 11 a 18


                                                                              Janete Julio Martins –
                                                                              Sub regional CEBI Duque de Caxias